APENAS A ESCOLA PARA CONTESTAR PÚBLICO, PRIVADO E A ESCOLA?


Leandro Silva, Pragmatismo Político

Mesmo com a sensação, ‘o que vai para frente é o atraso’, há resultados ‘positivos’ recentes e concretos na educação entre 2003 e 2015. Tais como universidades federais, programas de acesso a universidades privadas, escolas técnicas, acesso a ensino básico, em geral aumento de investimento na educação. Fique claro que essa afirmação não é minha, é fato. Basta realizar pesquisas, MEC, IBGE e ODM Brasil por exemplo. E até de periódicos de oposição no período, alguns tentam criar formulas com inflação e movimento dos astros, mas mesmo assim não conseguem rejeitar o fato. Aqui não me preocupo em citar números, isso fica para as campanhas eleitorais. (A busca critica pela informação colabora com o exercício reflexivo e democrático.)

O Brasil possui um atraso, comparado a dinâmica mundial, que exige décadas de crescente investimento. Não há nenhum indicador qualitativo qual o Brasil possa se orgulhar. O Brasil enfrenta a corrida para ofertar vagas em todos os níveis de ensino e acima de tudo oferecer ensino de qualidade. Em contraste a essa realidade/problema vivemos o momento em que o Brasil congela seus investimentos públicos. A população de recursos limitados está determinada a receber um ensino de acentuada decadência na qualidade. Mas e a mobilidade social? Meritocracia?

Programas do Estado de financiamento do ensino privado, radicalizo e considero como uma agenda opressora, pois fortalece as corporações que vendem educação e contribui para a alteração de percepção onde educação deixa de ser um direito e se torna um serviço. Mas como resolver o problema do acesso? A transferência de recurso público para empresas privadas é a única opção?

Realidade descolada, onde o Estado e o indivíduo não veem o mesmo. O Estado desenvolve seu mecanismo de aferição e propaganda que possa melhor extrair o que lhe convém da realidade. Os avanços quantitativos possuem seu valor considerando as condições históricas do Brasil.

Mas hoje, 2017, mesmo considerando os resultados recentes, na pratica, não há o que comemorar, avançamos na alfabetização, mas com número elevado de analfabetismo funcional, acesso ao ensino superior ainda é insuficiente, falta de professores, a qualificação dos professores é problemática, estruturas físicas deficientes das escolas e universidades. Sem falar sobre salário dos servidores da educação, salários atrasados e mais. Eles têm os números, nós temos a realidade que não se converte em números.

Avança a imagem construída pela propaganda do ensino privado, onde relaciona o privado a qualidade e público a péssima qualidade, especialmente quando se refere a ensino básico e médio. Ideário de fundamento liberal, Estado ineficiente e não esquecer, corrupto. Essa imagem colabora, no ponto de vista liberal, na problemática de outras questões não menos urgentes. Lembrando, Estado que financia a indústria do ensino que se volta contra ele. Será o Estado é um ideário ultrapassado? O que significa ‘É dever do Estado…’? Estados, incluo todos, não seriam hoje apenas facilitadores da circulação de capital e ideologias que protejam o capital? Questões urgentes, mas para ‘outro momento’, voltando.

A educação é um direito, direito conquistado, não um serviço. É preciso criticar para além do investimento financeiro. É preciso avanços quantitativos e qualitativos. É preciso deixar de fortalecer instituições prestadoras de serviço.

Estado, o ente problemático, deve oferecer ensino de qualidade para todos em todos os níveis. A política adotada e praticada deve ser centrada em velocidade com qualidade e a partir disso exigirmos mais e mais investimentos. No movimento continuo para a mesma direção, gradualmente conseguiremos não só alcançar melhores resultados quantitativos como qualitativos. Crescimento nos indicadores para que possamos nos orgulhar, como também desfigurar essa percepção comum de que o público é adjetivo de péssima qualidade, percepção que nos é muito cara. Poderemos assim contestar os privilégios e possibilitar o caminho para uma sociedade com menos desigualdade.

Incomoda (também) o ideário de que a educação é a cura dos males do mundo. Mas a educação emancipadora ainda é o paradigma vigente dada sua ausência prática. Inclusive, basta observar a urgência das mazelas sociais que são consequência.

Ficaram (propositalmente) questões em aberto, justamente para apontar que são (algumas) repetidas. Mas nós não estamos a fazer as perguntas erradas? Para todos aqueles que possuem algum ideário de realidade, será que não precisamos de perguntas com mais qualidade? A razão como fundamento para solucionar problemas causados pela razão estará a risco de estabelecer nova tirania. Há uma pergunta anterior ao ‘como’ que nos escapa.

…na aula de matemática enquanto o ‘professor’ falava, alguns ‘alunos’ jogavam no celular por detrás do ‘livro’. Uns desenhavam na ‘mesa’, outros conversavam. Talvez um ou dois observavam o ‘professor’. O ‘professor’ segurava um ‘livro’ enquanto usando um ‘giz’ escrevia na ‘lousa’… É tudo culpa das aspas como me ensinaram na escola. Ou falta verbo?

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